Sempre que retornamos a este início de ano, vivenciamos diversas experiências e exposições nas redes sociais que, de certa forma, trazem um movimento de reflexão sobre a vida no ano anterior e o nosso futuro no ano que virá. Já no artigo do ano passado trouxe que não seria uma pequena coincidência de trazer o tema da saúde mental justamente no mês de janeiro (Janeiro Branco), e agora em 2023 a campanha intitula-se “A Vida Pede Equilíbrio!”. Após dois anos de intensa pandemia, eleições e altos e baixos na vida de muitos brasileiros, faz todo sentido buscar esse objetivo em nossas vidas.
O equilíbrio na saúde mental não seria apenas uma simples operação de somas e subtrações da vida; é mais complexo e se baseia na busca de um constante bem-estar físico e mental em todos seus âmbitos, pessoais e sociais, mesmo com desafios, crises e situações não favoráveis. Já digo de antemão que este processo não tem “receita de bolo” ou “fórmula mágica”, pois cada sujeito é único e singular.
Existem alguns caminhos neste início do ano que nos auxiliam nesse processo de autodescoberta e conscientização do seu próprio equilíbrio e, para começarmos a falar deles, precisamos falar das famosas “metas de ano novo”. Nesse clima de reflexão, é muito bem-vindo rever seu ano e querer atingir novos objetivos futuros; porém, precisamos ter um certo tato ao estabelecer novas metas. Podemos começar revendo metas não atingidas com um viés de aprendizado e não de martírio, pois não ter as atingindo não significa incapacidade ou inabilidade; precisamos compreender o que ocorreu para aprender e talvez restabelecê-las para o ano seguinte. Para as novas metas, começar com o tangível ou o mais próximo disso é uma boa sugestão, pois a vida não significa sempre grandes conquistas e experiências, mas sim a procura da vivência de cada dia com plenitude.
Para além das metas, devemos avaliar os excessos na busca de uma “vida equilibrada” nos tempos atuais, pois somos bombardeados de informações – principalmente das redes sociais. Apesar de não ser uma novidade, vimos nos últimos anos como é o impacto em nossas vidas do uso massivo das redes, principalmente nos âmbitos estéticos, social e da autoestima. Este talvez seja o momento de reavaliar como e quando utilizar essas ferramentas digitais, e quais os impactos sociais e pessoais nas nossas vidas.
Trouxe apenas alguns apontamentos, e reforço que o trabalho de autodescoberta é mais complexo que este texto, sendo necessário ajuda em todo esse processo de autonomia e autoconhecimento. Muitas vezes, esse processo não é fácil, e precisamos de um apoio de amigos, familiares e colegas para atravessarmos possíveis desafios; e, claro, a necessidade de ter um profissional responsável como psicólogos e psiquiatras como um forte aliado nesta busca de equilíbrio e saúde mental. Caso você esteja passando por um momento de muito sofrimento, pode ligar para o 188 (Centro de Valorização da Vida), e será atendido e orientado.
Por fim, como gosto de trazer uma referência de leitura ou citação, quero encerrar este artigo com um trecho do livro “Talvez você deveria conversar com alguém”, da Lori Gottlieb:
“Paz não significa estar em um lugar onde não haja barulho, confusão ou trabalho duro. Significa estar no meio dessas coisas e ainda assim ter calma no coração.”
Desejo um ano de paz e equilíbrio, um feliz 2023.