Ao desenvolver softwares, garantir a segurança é uma prioridade fundamental. As vulnerabilidades, quando exploradas, podem comprometer dados sensíveis, prejudicar a reputação de uma empresa e resultar em prejuízos financeiros.
Entre as principais vulnerabilidades estão falhas como injeção de SQL, XSS (cross-site scripting) e falhas de autenticação. No entanto, com práticas adequadas de desenvolvimento seguro, é possível prevenir essas ameaças. Este artigo explora as principais vulnerabilidades no desenvolvimento de softwares e oferece dicas práticas para mitigá-las, garantindo que seus sistemas permaneçam protegidos contra ataques cibernéticos.
Principais Vulnerabilidades
SQL Injection
A injeção de SQL é uma das vulnerabilidades mais perigosas e antigas de plataformas digitais. É inserido um código malicioso em consultas SQL através de campos de entrada do usuário; dessa forma, o invasor consegue obter acesso ao banco de dados e visualizar, modificar, excluir e até mesmo criar dados.
De acordo com o relatório do Open Web Application Security Project (OWASP), a injeção de SQL tem sido consistentemente classificada como uma das principais ameaças à segurança de software.
Como forma de mitigação, pode-se usar consultas parametrizadas e ORM para evitar a execução direta de comandos SQL, além de realizar validação rigorosa dos dados de entrada e saída para garantir que estejam no formato esperado.
Broken Authentication e Broken Access Control
A quebra de autenticação (Broken Authentication) é referente a vulnerabilidades de segurança no processo de verificação de identidade de um usuário, dispositivo ou entidade. Com isso, invasores visam assumir identidades legítimas e obter acesso não autorizado.
O controle de acesso quebrado (Broken Access Control) se refere a falhas de segurança e vulnerabilidades em um sistema ou em uma aplicação web que permitem que atacantes acessem ou realizem ações em recursos que não deveriam acessar, usufruindo da fragilidade da segurança na aplicação.
As principais soluções para essa vulnerabilidade são: implementar autenticação multifator, usar sessões com expiração configurável e tokens seguros, armazenar senhas de maneira segura e criptografia.
Cross-Site Scripting (XSS)
O XSS é um tipo de vulnerabilidade de segurança por injeção. Os invasores injetam, por exemplo, scripts maliciosos em páginas web visualizadas por outros usuários. Dessa forma, podem roubar de cookies, credenciais e até mesmo a execução de código no navegador do usuário.
Como forma de mitigação, pode-se implementar filtros de entrada que removam scripts maliciosos, utilizar bibliotecas que filtram entradas maliciosas em tempo real e escapar adequadamente as saídas de dados em páginas HTML.
Cross-Site Request Forgery (CSRF)
O CSRF ocorre quando um usuário autenticado é induzido a realizar ações indesejadas em uma aplicação sem o seu consentimento. Criminosos podem usar isso para modificar dados ou realizar transações em nome do usuário.
Para prevenir, é possível implementar tokens CSRF, que verificam a legitimidade das requisições feitas pelo usuário e utilizar cookies com a flag “SameSite” para evitar que eles sejam enviados em requisições cross-site, por exemplo.
Exposição de Dados Sensíveis
O vazamento de dados sensíveis, como informações financeiras ou pessoais, pode causar um prejuízo tanto financeiro quanto moral, já que pode destruir a reputação de uma empresa e minar a privacidade dos usuários.
A vulnerabilidade da falha de proteção adequada para dados sensíveis pode levar a consequências legais de acordo com o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados) na Europa, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) no Brasil ou o HIPAA (Lei de Portabilidade e Responsabilidade de Seguro de Saúde) nos EUA, entre outras ao redor do mundo.
Como apontado pelo NIST (National Institute of Standards and Technology), “a criptografia de dados sensíveis é uma linha de defesa essencial para prevenir a exposição de informações confidenciais” (NIST SP 800-53).
Como forma de mitigação, pode-se utilizar protocolos de criptografias fortes, como o TLS (Transport Layer Security), para proteger os dados em trânsito, criptografar dados sensíveis em repouso com AES-256 ou algoritmos equivalentes e implementar controles de acesso rígidos para proteger dados sensíveis de acessos indevidos.
Práticas de Prevenção
Além de buscar eliminar as vulnerabilidades específicas de segurança, existem práticas e frameworks recomendados para equipes de desenvolvimento com esse intuito.
A segurança no ciclo de vida do desenvolvimento do software é essencial para prevenir problemas com a integração de verificações de segurança em todas as fases do desenvolvimento, desde o planejamento até a implementação. Além de integrar segurança, reduz os custos e o tempo para corrigir vulnerabilidades.
Os testes de segurança automatizados também ajudam a identificar vulnerabilidades antes que o software seja lançado.
As práticas de DevSecOps promovem a integração da segurança ao longo de todo o ciclo de Desenvolvimento e Infraestrutura do software. Como descrito por James Wickett em Effective DevSecOps (2019), DevSecOps não trata apenas de segurança, mas de agilidade no desenvolvimento com segurança integrada.
Conclusão
A segurança no desenvolvimento de software é um processo contínuo e deve ser tratada como prioridade desde as primeiras fases do ciclo de vida do software, e mantido através de suas entregas contínuas.
Em um mundo cada vez mais conectado e repleto de dados gerados em todas essas conexões, proteger o software é proteger os dados e os usuários. A segurança sempre tem que ser vista como algo essencial para qualquer empresa que deseja prosperar.